Deficiência de ferro e doença renal crônica
Muitos pacientes com doença renal crônica (DRC) sofrem de deficiência de ferro e anemia por deficiência de ferro. Quando os rins estão debilitados, não há produção suficiente do hormônio eritropoetina (EPO), vital para a produção de glóbulos vermelhos, trazendo risco de desenvolvimento de anemia.
O que é a doença renal crônica?
A doença renal crônica (DRC) é definida como a perda gradual da função renal, presente por mais de três meses, com implicações para a saúde 1. A DRC afeta até 13%2 da população global e, à medida que a doença se agrava, existe risco de:
- Altos níveis de resíduos no sangue, o que pode causar náusea
- Problemas de desenvolvimento, incluindo pressão sanguínea elevada, anemia, enfraquecimento ósseo, má nutrição e danos aos nervos.
-
Vasculite
Como funcionam os rins
O rim é um órgão vital que consiste em dois lóbulos, cada um localizado em um dos lados da coluna vertebral, logo abaixo da caixa torácica. Cada rim tem apenas o tamanho do punho de um adulto, mas abriga processos complexos e vitais para manter o corpo em equilíbrio. Sua atuação pode ser comparada à de um filtro de motor, limpando o sangue - o combustível do corpo - para possibilitar o melhor desempenho possível.
Sua função inclui3:
- Regulação do sangue: composição, volume e pressão
- Eliminação de resíduos nocivos
- Equilíbrio mineral
Doença renal crônica e risco de deficiência de ferro
Os estágios da doença renal crônica vão de 1 a 5, com 5 sendo o mais sério. Até 50% das pessoas que sofrem de DRC nos estágios 2 a 5 têm algum nível de deficiência de ferro4. Alguns fatores de risco específicos da deficiência de ferro em portadores de DRC são:
- Perda de sangue excessiva (levando a mais perda de ferro) devido a exames de sangue frequentes e hemodiálises em casos avançados5.
- Tratamento com agente estimulante da eritropoiese, geralmente conhecido como AEE.
- Redução da absorção de ferro dos alimentos na corrente sanguínea devido a inflamação de tecidos6. A liberação de ferro a partir das reservas do corpo também pode ser prejudicada.
Hemodiálise e deficiência de ferro
Nesse estágio os seus níveis de ferro já estão provavelmente sendo monitorados de perto. No entanto, se você estiver com preocupações relativas a uma possível anemia ou deficiência de ferro, é fundamental conversar com o seu médico ou enfermeiro de diálise.
O que é o tratamento com AEE (agente estimulante da eritropoiese)?
Rins saudáveis produzem o hormônio natural chamado eritropoetina, estimulando a produção de glóbulos vermelhos pela medula óssea 6. Se você estiver com anemia causada por DRC, um AEE sintético pode duplicar essa ação. Mas existe um porém. Uma vez que ferro é necessário para produzir glóbulos vermelhos saudáveis, os AEEs podem esgotar as suas reservas de ferro, fazendo com que você precise de ferro adicional para produzir hemoglobina nos novos glóbulos vermelhos6.
Tanto a deficiência de ferro quanto a anemia são problemas comuns para pacientes que se submetem a hemodiálise.
Isso se deve a:
Sinais da deficiência de ferro na doença renal crônica
Além dos sintomas que você sente como resultado da doença renal crônica, você pode estar com deficiência de ferro ou anemia por deficiência de ferro. Você está percebendo algum desses sinais?
- Fadiga
- Tontura7, irritabilidade8 e dificuldade de concentração9
- Palidez10
- Respiração curta e taquicardia11
- Língua inflamada ou boca seca12
- Intolerância ao frio13 ou dores de cabeça fortes14
Faça um teste rápido e fácil para descobrir se você tem algum sinal de deficiência de ferro.
Fale com seu médico
Você não sabe por onde começar para discutir sua sensação pesada de fadiga ou seus episódios de coração acelerado que podem indicar deficiência de ferro? Você não está sozinho. Uma pesquisa revelou que as pessoas convivem com os sintomas por nove meses em média2 antes de procurar ajuda de um médico.
Se você foi diagnosticado com doença renal crônica, pode já estar experimentando diversos outros sintomas. Nosso guia de discussão para pacientes aponta alguns sinais da deficiência de ferro e os tipos de perguntas que você deve fazer ao seu médico.
- Levey AS, et al. Kidney Int. 2005;67(6):2089-2100
- Hill NR, et al. PLoS One. 2016;11(7):e0158765
- https://www.kidney.org/kidneydisease/howkidneyswrk date of access August 2020
- Mehdi U, Toto RD. Anemia, diabetes, and chronic kidney disease. Diabetes Care. 2009;32(7):1320-6. doi:10.2337/dc08-0779.
- Fishbane S, Pollack S, Feldman HI, Joffe MM. Iron indices in chronic kidney disease in the National Health and Nutritional Examination Survey 1988-2004. Clin J Am Soc Nephrol. 2009;4(1):57-61. doi:10.2215/CJN.01670408.
- Wittwer I. Iron deficiency anaemia in chronic kidney disease. J Ren Care. 2013;39(3):182-8.
- Paterson JA, Davis J, Gregory M, et al. A study on the effects of low haemoglobin on postnatal women. Midwifery. 1994;10(2):77-86.
- Radlowski EC, Johnson RW. Perinatal iron deficiency and neurocognitive development. Front Hum Neurosci. 2013;7:1-11.
- Albacar G, Sans T, Martín-Santos R, et al. An association between plasma ferritin concentrations measured 48 h after delivery and postpartum depression. J Affect Disord. 2011;131:136-42. doi:10.1016/j.jad.2010.11.006.
- Stoltzfus R, Edward-Raj A. Clinical pallor is useful to detect severe anemia in populations where anemia is prevalent and severe. J Nutr. 1999;129(May):1675-1681.
- Milman N. Postpartum anemia I: definition, prevalence, causes, and consequences. Ann Hematol. 2011;90(11):1247-53. doi:10.1007/s00277-011-1279-z.
- Osaki T, Ueta E, Arisawa K, Kitamura Y, Matsugi N. The pathophysiology of glossal pain in patients with iron deficiency and anemia. Am J Med Sci. 1999;318(5):324-9.
- World Health Organization. Iron deficiency anaemia. Assessment, prevention and control: A guide for programme managers.; 2001:1-114.
- Vuković-Cvetković V, Plavec D, Lovrencić-Huzjan A, Galinović I, Serić V, Demarin V. Is iron deficiency anemia related to menstrual migraine? Post hoc analysis of an observational study evaluating clinical characteristics of patients with menstrual migraine. Acta Clin Croat. 2010;49(4):389-94.